Life...

Temos muitas vezes a necessidade (ou não) de nos queixarmos, de acharmos que a nossa vida está péssima, que tudo vai mal, o que por vezes pode ser um acto de egoísmo puro.
Embora possa não parecer muito sensato este tipo de pensamento, há sempre alguém muito pior. Hoje tudo isto fez mais do que sentido para mim…foi agradável ver como alguém a quem a vida pregou uma rasteira cedo demais dá a volta por cima.
Foi a primeira sessão do N., a meio e vindo do nada disse “ és muito bonita (mentirinhas aceitam-se nesta minha amada profissão!)…que idade tens? És mesmo bonita…tens o nome da minha primeira namorada. Namoras? Tens namorado?”…bem, não consegui deixar de sorrir, respondi a todas as suas questões (óbvio que a minha vontade era dizer que é namorada)…”bolas, há 5 anos que não tenho namorada por causa desta cadeira de rodas, mas eu estou aqui porque a culpa foi minha, mas não sei como não percebem que eu mexo as pernas,eu vou andar como antes…”…tudo isto pode ser simples, e é…pediu para ir ao wc e passado muito pouco, para espanto meu, ele aparece à porta, a conduzir a própria cadeira de rodas, a andar…andou de facto uns minutos, até avistar os pais ao longe que não podiam perceber que ele estava a fazer aquele esforço, correndo o risco de cair e deitar todo o trabalho fora; pediu-me para não contar nada, mas mãe é mãe e a primeira coisa que lhe disse foi “andaste a correr? Estás suado”, tudo isto com um sorriso carinhoso…
Será que de facto uma cadeira de rodas implica que não se veja a pessoa que está nela? No caso do N. sim, muito embora ele seja educado, culto, com uma simpatia extrema e bonito, com uns olhos que fariam rodar muitas cabeças, não fosse o único entrave a própria cadeira de rodas…cada caso será um caso, mas este representa, creio eu, a realidade…o importante é que nada impede o N.,e isso é bom.
Agora vou deitar-me nesse teu colinho e ficar…fim de semana chegou e agora só nós…e o que te prometi…

Amo-te muito